Foi
lá por 2006 ou 2007, não me lembro muito bem, que um
estabelecimento comercial localizado na esquina da Rua Ribeiro da
Silva com a Alameda Barão de Limeira começou a ser reformado. Aos
pouco foi tomando a forma de um “bar e lanchonete”. Azulejos
azuis foram colocados nas parede externas e uma placa com o nome foi
levantada para a inauguração: Palace.
As placas, bem na esquina popular |
Como era novidade, tínhamos a obrigação de passarmos por ali para checar o atendimento. Os frequentadores de bares da região também foram se
chegando, todos pouco abastados como nós.
Não
demorou muito pra eu fazer a brincadeira: “Esse aqui é Palace, mas
é Palace de Pobre”. E aí nunca mais eu parei de chamar o bar de
Palace de Pobre. Quem ouve acha engraçado, estranha, pergunta o
porquê de chamá-lo assim e acaba aderindo à idéia. O motivo de
chamar o bar de Palace de Pobre se deve ao fato de que até o dia em
que levantaram a placa eu só havia ouvido falar de um lugar que
teria o nome de Palace. E este lugar era o Copacabana Palace, luxuoso
e caro hotel no Rio de Janeiro, onde ricos e famosos se hospedam.
Finalmente os pobres têm um lugar chamado Palace para frequentar.
Mas porque não chamá-lo apenas de Palace? Para não criar falsa
expectativa em quem não conhece, ora essa!
Alemão prepara os espetinhos que vão acompanhar a cerveja |
Não somos daqueles frequentadores
assíduos, que estão lá todos os dias batendo ponto. O Palace virou
um local no qual, volta-e-meia, passamos para beber umas cervejas e,
de uns tempos para cá, para comer espetinhos. Os espetinhos são
vendidos ao preço de R$ 3,00. Mas só fazem de quarta a sexta no fim
da tarde. Quer dizer, nem sempre esta regra funciona, pois às vezes
eles pisam na bola e não fazem no dia combinado. Certo mesmo, de
certeza, é ter na sexta-feira.
Em pé na esquina. Assim a gente passa o tempo no Palace de Pobre |
Pra
dizer a verdade a gente só fica menos tempo no Palace de Pobre
porque ele não tem mesas na calçada pra gente poder fumar
tranquilamente enquanto bebe. Então, ficamos em pé, ali na esquina,
bebendo, fumando, batendo-papo e vendo o movimento, com as coisas
todas e a cerveja, amontoados, perto de uma cadeira e do carrinho de
espetinho. Ficamos até as velhas pernas aguentarem. Às vezes mais
tempo, às vezes menos.
Cervejas, copos e mochilas se amontoam |
Mas
o bar tem uma mesinha especial que é disputadíííííííssima.
Tem que chegar cedo pra pegar. Ela é boa, perto da janela aberta pra
rua. Nós gostamos de ficar ali também, pois dá pra sentar e quando
queremos fumar vamos para o lado de fora e dá pra continuar a
participação na conversa pela janela.
Passei
ontem pela frente do bar e constatei que não há mais a placa com o
nome. Deve ter sido tirada com a tal lei. Mas não precisa placa.
Entre nós este bar será chamado de Palace de Pobre mesmo que mudem
o nome.
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Muito agradecida!