terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Um minuto, por favor!




Por Mário Prata


Ele não estava completamente embriagado. Mas caminhava a passos e copos largos para tanto. E conseguiu, num passo alto, subir em cima da mesa do barzinho ali da Vila Madalena. E se equilibrou numa boa com o copo de uísque na mão.


Pessoal, pessoal, por favor. Um minuto de silêncio. Um minutinho só.


Conseguiu colocar o copo na mesa num esforço sóbrio. Bateu palmas.


Por favor, gente. É um minuto só. O que é um minuto?


As pessoas foram ficando em silêncio, o bar parou. Todo mundo olhava para aquele senhor. Quase setenta, eu diria.


Seguinte. Eu queria levantar uma questão para colocar em discussão por todos vocês. É sobre o minuto de silêncio. Não esse que pedi para vocês. Mas para o minuto de silêncio antes de começar o jogo de futebol, em função da morte de alguém. Outro dia teve um minuto de silêncio por causa da morte do parente de um ex-diretor do time. O que eu quero saber é porque só fazem um minuto de silêncio no futebol!!! Alguém já havia pensado nisso? Nos outros esportes não tem minuto de silêncio!!! Pode pensar. Nem na posse do presidente da república. Eu quero saber quem foi o filho da puta que inventou o minuto de silêncio antes do futebol. Em lugar nenhum tem minuto de silêncio, caralho! Por que! Por que? Quem foi o filho da puta... Deixa pra lá.


Sentou-se novamente, acabou o copo, pagou a conta e foi embora. E, da porta, ainda gritou:


Quem foi o filho da puta que inventou o minuto de silêncio?


E deixou uma puta discussão em aberto no boteco.


Mário Prata é escritor e já fechou muitos bares.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Me dê motivo

Quando abri hoje o blog para ver quantas visualizações ele alcançava, deparei-me com uma surpresa. Novamente na sexta-feira estamos prestes a arredondar o número de visualizações em 2.000. 

Parece até que vocês, que nos seguem, planejam isso, pois a sexta-feira é um ótimo dia para beber, encher a cara de felicidade. E quando fizemos os 1.000 também foi numa sexta-feira.

Tô enviando logo cedo esta mensagem para ver se vocês dão uma força para que, mesmo com esta chuva que cai sobre a cidade, nós possamos sair para bebemorar.

Vamos ver se conseguimos a marca dos 2.000 hoje! E bom fim-de-semana pra todos!






quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

A cidade e os amigos no coração


- Vamos pro bar. Precisamos beber um baldinho de cerveja, pelo menos, pra comemorar! - digo logo, antes que a massaroca toda do show do Nei Matogrosso tenha a mesma idéia.

Apressadamente vamos ao Salada Record - Rafa, Irani e eu - com o pensamento de que talvez já estivesse lotado. Caramba, comemorar o aniversário de São Paulo no centrão, tem que ser no Salada, ao ar livre, com cerveja de balde. Felizmente pegamos uma mesa, a última disponível do lado de fora. E não deu outra. Logo havia uma imensidão de gente esperando para pegar uma mesa neste bar, sem sucesso. Sorte a nossa que chegamos em tempo.


Câmera de promoção nem sempre
produz a qualidade desejada, gente!

Sobre reencontros, posso dizer que já estava muito feliz de reencontrar o Rafa, companheiro da Irani. Fazia já uns dois ou três anos que não o via. E gosto demais desta criatura, desde que nos conhecemos no show dos Mutantes, no aniversário de São Paulo em 2007.

Depois veio mais uma surpresa, foi com a chegada de um casal amigo da Irani ao bar (eu já os tinha encontrado lá no show do Nei), e a afirmação que vem dele:

- Lê, eu te conheço faz tempo. Você que eu acho que não tá lembrada de mim.

E foi contando um causo que aconteceu quando a gente se conheceu. E fui espremendo os olhos, buscando dar foco naquele rosto pra me certificar de que era verdade.

- Caramba, Alex, é você. Já faz dez anos que isso aconteceu. Putz, não acredito! O teu cabelo era comprido...


 

Depois chegarama Cátia e o Tiago, animados pra cerveja também, e ficaram conosco até o fechamento da conta.

- Vamos fazer um brinde – digo. Hoje só podemos fazer 458 brindes, hein, gente. É um pra cada ano de São Paulo. Nada mais que isso!




E aí a prosa seguiu, entre os baldes de cerveja, as proezas dos idos tempos e do agora. E mais gente foi chegando, passando, cumprimentando, se despedindo. Na calçada do Salada Record se pode beber e ver passar muita gente. Esta é uma das atrações do bar, além das músicas da bandinha que toca no Bar Brahma, e que chega aos nosso ouvidos sem a necessidade de pagar couvert. Olha que beleza de noite de 25 de janeiro: show na praça e comemoração - do aniversário, dos encontros, dos reencontros -, no bar que fica no coração da cidade, com os baldes cheios de cerveja e os corações cheios de alegria. 


 

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Parabéns à cidade de São Paulo

E o que não falta é bar pra gente comemorar o aniversário desta cidade tão querida! Alguns deles vocês já viram por aqui:



Amigo Gianotti


Amigos de Verdade




Bar do Biu

 
Salada Record


Hocca Bar

 
Bar do Macarrão



Marcones e Espetinho do Gringo
 

Bar do Nildo




Palace de Pobre

Um brinde a esta cidade de São Paulo, que nos proporciona grandes e emocionantes momentos, sempre que nos encontramos nos milhares de bares que fazem a cara de cada quarteirão e de cada esquina.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Boemia eterna


As cinzas de Gil, o “presidente”, repousam na entrada do seu bar predileto em Copacabana


Por Felipe Sales
Publicado em Carta Capital






O número 698-B da Rua Barata Ribeiro, em Copacabana, é mais que o endereço de um legítimo pé-sujo carioca, com direito a ovos coloridos, azulejos engordurados e cardápio de placa amarela na parede. São pouco mais de cinco metros quadrados preenchidos por nove mesas, muitas sombras e excessivos decibéis, graças ao embate frenético de ônibus, carros e multidões a transitar a dois metros do balcão. Dia sim, outro também, é ali que um grupo de amigos, moradores da região, se encontra há mais de 50 anos. Mas Gilberto Antônio de Lima e Souza, o querido Gil, ou simplesmente “presidente”, achou pouco. E hoje ele jaz eterno, em forma de cinzas, num vaso prostrado na porta da birosca, ornamentado não por flores, mas por guimbas regadas a doses que, salvo engano, iriam “para o santo”.


Gil chegava sempre por volta de meio-dia, saudava seu Juan, o dono do bar, e se derramava na mesa 1, ao lado do vaso que seria seu túmulo, onde nenhum amigo ousa sentar novamente. Tinha 1,90 metro de paradoxos bem distribuídos: apesar do corpanzil imponente, delineado por um abdômen definido em barris de chope, erguia copos e talheres com a delizadeza de uma bailarina. Com uma voz calejada em ressacas, falava cada palavra sem pressa, quase sempre sob um riso frouxo entre os lábios, e agregando, assim, até os seres mais moribundos que por lá circulavam. “Ninguém é chamado de presidente à toa...”, lembra seu Juan, sorumbático como de hábito, até uma lembrança lhe escapar um sorriso: “Ele nunca pedia fiado”.





Mineiro de Belo Horizonte, o presidente desembarcou no Rio de Janeiro aos três anos. E foi nas areias de Copacabana, como jogador de vôlei, que arrebanhou amigos que o acompanhariam pela vida, e pela boemia, afora. Campeão brasileiro pelo Botafogo, tornou-se benemérito da Federação de Vôlei do Rio em 1959, ao lado do hoje poderoso presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, Carlos Arthur Nuzman. Até que uma contusão no joelho e uma crescente demanda por esbórnia, o fez migrar para os azulejos gastos do Bar Barta Ribeiro, onde passaria boa parte da vida. E, agora, da morte.


O perpétuo boêmio tornou-se funcionário do Detran. Levou uma vida confortável, garantida ainda por supostos investimentos bem-sucedidos na Bolsa de Valores. Tempos depois veio o casamento e o nascimento dos dois filhos, obrigando-o a trocar a vizinhança do botequim por uma simpática vila na Gávea, onde, pela ironia do acaso, calhou de ser vizinho de Vinícius de Moraes. O poetinha, sempre que lhe faltava água de beber, buscava com o amigo o “cão engarrafado”. “Podia ser de manhã ou de madrugada”, conta Giuliano Chediak, filho caçula do presidente. “Meu pai gostava tanto dele que até escondeu o motivo de o meu cachorro ter desaparecido. Achávamos que ele tinha fugido. Até que, muito tempo depois, vi numa revista a foto do meu cachorro com Vinícius passando uma tarde em Itapoá.”





Nessa época, ele começou a frequentar outras rodas de amigos e até fez pontas em alguns filmes, entre eles os clássicos Navalha na Carne e Vinte Passos para a Morte. Mas nunca deixou de frequentar seu verdadeiro lar. Gil chegava ao botequim, aninhava-se em seu trono e papeava com um que chegava, outro que ia. Às vezes, pedia a seu Juan para assumir a cozinha e preparava um arroz árabe para a galera. Num dia qualquer, passava no bar e armava uma caravana para recôncavos do Rio e do mundo. Certa vez, decidiu ir para Las Vegas. Convocado por colegas de trabalho, deputados e delegados, o presidente não deixou o país sem antes passar no “seu” botequim e colher mais um amigo. A turma se esbaldou na jogatina sem se conformar com Gil, que cruzara as Américas apenas para sentar e beber uísque.

Diante de tanta dedicação à boemia, o casamento naufragou, enquanto Gil, de volta a Copacabana, se afogou ainda mais nos copos de cerveja e nos corpos de meninas atrevidas. Gostou tanto do negócio que virou sócio de um estabelecimento especializado no ramo. Numa das avenidas mais famosas de Ipanema, ao lado de uma das creches mais nobres da cidade, a Chapeuzinho Vermelho, nasceu a “Le Loup”, “o lobo” em francês. Nada que incitasse à pedofilia, mas Gil não podia perder a piada.

Em seus ótimos anos, o presidente dizia que morreria antes dos 70. Até que, no inverno de 2009, aos 69 anos, foi ao boteco e convocou a turma para um fim-de-semana em Mury, na Região Serrana do Rio, tudo por conta, como sempre. Comeram e beberam como se não houvesse amanhã, até que o presidente, estranhamente, sentiu a alvorada. Pediu licença, deixou o restaurante e voltou para seu quarto. Só foi visto no dia seguinte, arrumando as malas em meio a vômitos e sangue. Voltaram para o Rio de Janeiro em silêncio, direto para o hospital.





O presidente até deu uma segurada, o problema é que todo ano tem carnaval. E Gil fazia questão de viver até a última dose: bateu ponto na banda de Ipanema e voltou a pé até Copacabana, com paradas estratégicas para abastecimento no Zig Zag, Bar do Biro, Devassa e, claro, seu bar de estimação.

Nessa época, já não falava com os filhos há muito tempo, a ponto de, um dia Giuliano encontrá-lo na rua e ter de se apresentar. Quis o destino tentar, pela última vez, aproximar pai e filho, apesar de o fígado combalido liberar toxinas que causavam dor e delírio. Mas nem no hospital, já muito magro e morimbundo, Gil esboçou qualquer remorso por seus descaminhos. “Nesta vida, você tem que encarar o mundo, e eu encarei”, disse a Giuliano. E fez o pedido derradeiro: suas cinzas deveriam ser deixadas no Bar Barata Ribeiro, sem choro nem vela.

E assim foi. Em 10 de abril de 2010, um mês depois do carnaval, o presidente encontrou a morte. E numa tarde de outono, pelas mãos de seu filho, retornou à boemia eterna.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Nem as chuvas nos afastarão


Não me diga que você vai correndo pra casa hoje, quando sair do trabalho, com medo de pegar uma grande chuva no caminho. Ah, não dá pra ser assim, não... Estamos em plena sexta-feira de verão, com esse calorzinho gostoso, propício a beber umas “brejas” com os amigos e jogar conversa fora, e você aí, pensando em ir correndo pra casa?
Vai correndo pro bar e espera a chuva chegar, isso sim! Aí você tem uma ótima desculpa pra ficar mais, e mais, e mais. Fica e canta:

Chove, chuvaaaa
Chove sem parar
Chove, chove
Chove, chove, chuva
Chove sem parar”



A chuva que caiu em dezembro, quando estávamos
na cervejada de fim de ano no Salada Record

Essa conversa me lembra um causo de uma vez em que fomos Ed, Geraldo, Andréia e eu beber umas cervejas no Casarão, na Santa Cecília (já escrevemos sobre ele no blog). Pegamos uma mesa ao ar livre e em determinada hora começaram a cair pingos de chuva maiores que uma moeda de um real. Rapidamente salvamos a cerveja, os copos e nosso corpos, e fomos nos abrigar no interior do bar (não havia lei anti-fumo ainda, felizmente). E na ponta do balcão continuamos a beber, de costas para a rua. Ali ficamos até empapuçar e seguimos para casa, já sem chuva.

No outro dia, para nosso espanto, todos os jornais estampavam cenas de caos na cidade de São Paulo, com árvores caídas, casas destelhadas, alagamentos mil e o aviso de que alguns bairros da cidade ficariam de 3 a 5 dias sem energia elétrica, por causa de danos na rede. Dentro do bar, bebendo e proseando de costas para a rua, não nos demos conta de que tudo isso estava acontecendo do lado de fora do bar. 

Na segunda-feira, quando nos encontramos e comentamos o acontecido, demos muita risada. Pensamos que talvez no centro não tinha acontecido esta tempestade toda, mas amigos confirmaram que sim, houve sim. Geraldo, sempre chegado a um dramalhão mexicano, comentava que não era possível aquilo, que vai ver a gente tava bebendo numa boa e pessoas passavam voando, levadas pela ventania, bem nas nossas costas e nós... nem aí. O que eu sei é que o papo e a cerveja estavam tão interessantes que ninguém nem se preocupou em saber o que estava acontecendo lá fora. Chegamos à conclusão, juntos, de que o melhor abrigo da chuva é mesmo o bar.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Palace? Então tá...


Foi lá por 2006 ou 2007, não me lembro muito bem, que um estabelecimento comercial localizado na esquina da Rua Ribeiro da Silva com a Alameda Barão de Limeira começou a ser reformado. Aos pouco foi tomando a forma de um “bar e lanchonete”. Azulejos azuis foram colocados nas parede externas e uma placa com o nome foi levantada para a inauguração: Palace.


As placas, bem na esquina popular


Como era novidade, tínhamos a obrigação de passarmos por ali para checar o atendimento. Os frequentadores de bares da região também foram se chegando, todos pouco abastados como nós.

Não demorou muito pra eu fazer a brincadeira: “Esse aqui é Palace, mas é Palace de Pobre”. E aí nunca mais eu parei de chamar o bar de Palace de Pobre. Quem ouve acha engraçado, estranha, pergunta o porquê de chamá-lo assim e acaba aderindo à idéia. O motivo de chamar o bar de Palace de Pobre se deve ao fato de que até o dia em que levantaram a placa eu só havia ouvido falar de um lugar que teria o nome de Palace. E este lugar era o Copacabana Palace, luxuoso e caro hotel no Rio de Janeiro, onde ricos e famosos se hospedam. Finalmente os pobres têm um lugar chamado Palace para frequentar. Mas porque não chamá-lo apenas de Palace? Para não criar falsa expectativa em quem não conhece, ora essa!



Alemão prepara os espetinhos que vão acompanhar a cerveja
 
Não somos daqueles frequentadores assíduos, que estão lá todos os dias batendo ponto. O Palace virou um local no qual, volta-e-meia, passamos para beber umas cervejas e, de uns tempos para cá, para comer espetinhos. Os espetinhos são vendidos ao preço de R$ 3,00. Mas só fazem de quarta a sexta no fim da tarde. Quer dizer, nem sempre esta regra funciona, pois às vezes eles pisam na bola e não fazem no dia combinado. Certo mesmo, de certeza, é ter na sexta-feira.



Em pé na esquina.
Assim a gente passa o tempo no Palace de Pobre


Pra dizer a verdade a gente só fica menos tempo no Palace de Pobre porque ele não tem mesas na calçada pra gente poder fumar tranquilamente enquanto bebe. Então, ficamos em pé, ali na esquina, bebendo, fumando, batendo-papo e vendo o movimento, com as coisas todas e a cerveja, amontoados, perto de uma cadeira e do carrinho de espetinho. Ficamos até as velhas pernas aguentarem. Às vezes mais tempo, às vezes menos.


Cervejas, copos e mochilas se amontoam


Mas o bar tem uma mesinha especial que é disputadíííííííssima. Tem que chegar cedo pra pegar. Ela é boa, perto da janela aberta pra rua. Nós gostamos de ficar ali também, pois dá pra sentar e quando queremos fumar vamos para o lado de fora e dá pra continuar a participação na conversa pela janela.

Passei ontem pela frente do bar e constatei que não há mais a placa com o nome. Deve ter sido tirada com a tal lei. Mas não precisa placa. Entre nós este bar será chamado de Palace de Pobre mesmo que mudem o nome.







quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Que perigo, gente!


Vocês teriam coragem de entrar num desses bares abaixo? Eu só entraria pra ver se a coisa é assim mesmo. Mas ... vai que é!






Não é você que toma. São eles que tomam tudo.







terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Socorro, Amigo


Bares que têm no nome “amizade”, “amigo”, “amigos”, para mim, são os quais os donos fazem questão de destacar o sentido de tê-lo. São lugares voltados para fazer amigos, para reuní-los, reencontrá-los. Ali se vive alegria, cotidiano, surpresa e perdas também. Os braços nestes bares estão abertos para te abraçar na comemoração e no consolo. São locais em que a emoção se mistura com a vida da gente pra rir, pra chorar, pra tirar sarro da cara do outro, pra apostar e perder, pra ganhar.

- Vamos passar em algum lugar pra comer porque a Gi tá com fome.

É o que diz amigo Mauro, quando estamos voltando para casa, ao sairmos do Marcones. Não, o espetinho do gringo não foi suficiente para satisfazer a fome da Gi.

- O que é que você queria comer, Gi?

- Tô com saudade de comer uma fogazza, mas nessa hora...

Mas nesta hora, caríssimos, um amigo pode compreender e satisfazer esse desejo, misturado com a necessidade de suprir a fome. Amigo Gianotti. Ali vamos comer e prolongar por mais um pouco a cervejada. Seguimos para a Rua Santo Antonio.

Amigo Gianotti é um misto de boteco com cantina italiana. Dá pra entender? 
 
Bem, é um pequeno estabelecimento. Ele é comprido, e tem uma porta estreita de entrada. 


Uma pequena porta para entrar


Entre nele e você verá elementos brancos, vermelhos e verdes da bandeira italiana. Também há os quadros antigos, camisas de futebol,  e mais objetos  os quais, acredito, tenham sua própria história. Mas é na pessoa do Amigo Gianotti que se vê a italianice toda andando de um canto para o outro, passando de mesa em mesa, servindo, e também trocando idéia com os fregueses, quer dizer, com os amigos.


Misto de boteco com cantina italiana


Ficamos na pequena calçada. Ali havia, naquela noite, duas mesas para os fumantes. Que maravilha! Emílio adoraria estar ali, mas despediu-se de nós antes de saber que iríamos fazer mais uma parada no Bixiga. Vamos poder continuar na cerveja, fumar e depois ... matar a fome com uma enorme fogazza. Cerveja gelada, brinde, cigarro. Esperar a fogazza. Bater papo. Fazer o registro fotográfico, é lógico!


À espera da fogazza

 
Gente, eu avisei! A fogazza é muito enorme de grande! E é uma delícia! Daí você fica naquela de... “será que eu como tudo? Se eu comer tudo não é fome, é zóião!”. Tem que ter muita boca e muito zóio pra comer tudo, viu gente! Eu como, pois sou bem servida dos dois. E no fim da noite eles aumentam.



Enorme e deliciosa... a fogazza


O amigo Gianotti vem até a mesa e pergunta se está tudo bem. Claro que está! Ele sabe disso! Mas faz questão de mostrar que está ali, como bom amigo, ao seu lado, para o que você precisar. 



Amigo Gianotti, ao seu lado para o que você precisar



 

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

O elegante Bar do Pedro, onde nos formamos


Por Ignácio de Loyola Brandão


Olhando para trás me lembro de uma coisa curiosa. Nunca vi meu pai em um bar. Nunca soube se por religião, princípio, ou porque achava tolice, perda de tempo, ouvir conversa de bêbado. No entanto, anos mais tarde, quando escrevi meu primeiro livro, Depois do Sol, que se passa inteiro à noite, nos bares, ele leu e me chamou para dizer: "Que vida mais interessante a dessa gente da noite. Quer dizer que os bares são mesmo divertidos?" Mas não lamentou, o tempo passado era tempo passado. De qualquer modo, também nunca disse uma palavra de reprimenda na primeira vez que tomei um porre homérico (expressão daquele tempo, dos anos 50) e cheguei em casa, ele abriu a porta, viu meu estado, ocasionado por um litro de gim, o suficiente para me matar, eu que não bebia. Timidamente, ele confessou: "Não sei o que fazer, não posso te ajudar a resolver, não sei, nunca tive uma ressaca." Quem teve ressaca de gim sabe o que é. Sabe que nunca mais vai colocar uma gota dessa bebida na boca. Quando assisti ao filme Uma Aventura na África (The African Queen), passei mal ao ver Humphrey Bogart emborcando litros e litros de gim pelo gargalo, sem sentir o mínimo efeito.


Se a mulher nunca esquece o primeiro sutiã, um homem nunca esquece o primeiro bar. O meu foi o do Pedro, em Araraquara. Que não era do Pedro, era do Hotel Municipal, o Pedro era um homem alto, corpulento, moreno, educadíssimo, o melhor garçom da cidade, sabia tratar o vagabundo e o grã-fino, ainda que o grã-fino seja mais difícil. O bar do Pedro era antigo, austero, elegante, tinha divisões de madeira, saletas onde as pessoas podiam obter privacidade fechando a porta, resquícios de uma época de fausto que a cidade teve com o café, a estrada de ferro e o comércio. Depois, veio a decadência e um delegado corneado mandou pregar as portas que ficaram definitivamente abertas para evitar sacanagens. Dizem que a mulher dele freqüentava a desoras (expressão da época) as saletas, mandando ver. Não existiam motéis naquele tempo e os hotéis legais não aceitavam casais sem certidão de casamento. Vejam que tempo vivemos! Pensar que suportamos e sobrevivemos.


No bar do Pedro minha turma se reuniu por anos e anos, sempre no mesmo canto, juntando duas mesas. A cidade era provinciana, sem divertimentos, sem graça, nos sentíamos sufocados. Os bares fechavam por volta de onze da noite, menos o do Pedro que ficava até o último freguês. Éramos os últimos e os mais abonados do grupo (cito os nomes em homenagem, porque eu vivia na dureza: Hugo Fortes, Gadelha, Padua e José Eduardo de Almeida) acrescentavam algum por fora para aumentar a gorjeta, compensar tanta paciência. 

 
No bar do Pedro destinos foram traçados. Eu, que ia fazer cinema, acabei escritor. O Zé Celso, que não era o maior freqüentador, mas aparecia, sabia que o advogado acabaria no teatro. O Salinas Fortes tinha na cabeça que a filosofia era o seu mundo e acabou traduzindo Sartre. O Faruk fazia odontologia, mas sonhava ser cantor de boleros. Teve consultório e cantou em cabarés e bares noturnos. Marco Antonio Rocha – outro eventual – fez direito, mas foi para o jornalismo, para a economia e a política, para a televisão. Tudo pensado, conversado, discutido, debatido, gritado no bar do Pedro.




Bebíamos cerveja e chope, coisas baratas. Ainda vigorava aquela história de casco escuro, casco claro, este rejeitado. Marcas? Brahma e Antarctica, nada mais. Ou Malzbier, mas quem queria cerveja de mulher? Quando a angústia pegava, juntávamos doses de genebra. Uísque, nem pensar, era caro, caríssimo, só americano. Old Parr e White Horse eram as marcas cobiçadas, nunca tomadas. Rum era deixado para os bailinhos, misturado com Coca-Cola. Para comer havia salame fatiado, mortadela, azeitonas, tremoços, queijo prato em quadradinhos. Cinqüenta anos depois nada mudou. Quando o dinheiro pintava, vinha provolone à milanesa. Adorávamos gorgonzola, ótimo para preparar o paladar para a cerveja, porém era queijo importado, tínhamos de pegar leve. No fim do ano, Pedro, perfeito anfitrião, oferecia por conta dele rodadas de chope e alguns aperitivos.


O bar do Pedro não existe mais. Um dia, provando a modernidade da cidade, ele foi fechado e transformado em agência da Cometa, dali partiram os primeiros ônibus para São Paulo, fazendo concorrência aos trens. A cidade mudava. Vieram lanchonetes de fórmica, padronizadas, feias, sem graça, vendendo hamburguers, toda comida junkie. Mas o bar do Pedro merece uma placa em Araraquara, na esquina da Rua 3 com a Avenida Portugal, porque várias gerações ali beberam e se formaram na matéria, aprendendo a se comportar, a saber freqüentar, a principalmente respeitar essa honorável e necessária instituição.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Sai, zica!




Amigos, hoje é Sexta-feira 13! Olha que maravilha! O primeiro dia 13 do ano caiu logo numa sexta-feira, dia de ir pro bar. Bom motivo pra ir, não é mesmo?

Nada de ir correndo pra casa, com medo de algo ruim acontecer. Quem tá na chuva é pra se molhar. Já saiu pra trabalhar, agora prolongue o desafio. Hoje é dia de botar um sorriso no rosto e se juntar com os amigos pra espantar qualquer tipo de azar que te ameaçar.

Não fique contando histórias amedrontadoras. Conte piadas e “causos” engraçados da vida, pra dar um tom diferente pro dia. Se um copo quebrar, não atribua a algo assombroso relacionado à sexta-feira 13. O copo quebrou porque você está bêbado e não conseguiu coordenar os movimentos direito.

E hoje é o dia propício para virar a meia-noite com todos, no aconchego do bar. Voltar pra casa, só no dia 14, com a certeza de que o maldito dia já passou. Depois de tudo só restará dormir e repor as baterias pro fim-de-semana.

Sendo assim, e para sair do convencional, só nos resta desejar a vocês uma ótima sexta-feira 13!

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Bares oportunos

Num viagem de ônibus acontece muita coisa, e ainda mais quando se viaja com uma empresa como a Expresso Maringá. Seu funcionamento precário pode ser resumido da seguinte forma: 4 horas de espera em Nova Londrina, onde a cada 15 minutos o pessoal da empresa nos disse que o ônibus chegaria em 15 minutos, bem como a promessa de um autocarro directo para Maringá (na realidade, o ônibus parou em cada rua de cada cidade) para chegar em um ônibus com o cheiro de dejetos humanos e urina espalhada nos sofás (acreditamos que causada pela raiva do povo). 3 horas mais de espera na rodoviaria de Maringá, sem informações, e, finalmente, chegar ao nosso destino.


Hora estimada de chegada a Foz de Iguaçú: 6h, hora real de chegada: 13h.

Nestas condições, o desejo de terra firme e respirar ar livre é multiplicado, por isso a ilusão de chegar ao destino muitas vezes nos leva a criar falsas expectativas sobre o lugar que você está indo, mas desta vez em torno do rodoviaria de Foz do Iguaçú, ao invés da rodoviaria, ficou além das circunstâncias.

Nos esquecemos das cataratas e a urgência de encontrar um banheiro na chegada, levou-nos a ter de correr para fora da Rodoviária, onde o uso de sanitarios públicos custo a quantidade escandalosa de 4 reais. A necessidade de higiene se juntou a sede e fome. Emilio viu a nossa salvação na distância, como que é um oásis em um deserto, e a Elisa correu ate ele. Do outro lado da estrada, onde para o ônibus urbano, tem uma grande “terraza” (ainda ningum seguidor do blog resolveu este nome em lingua portuguesa), onde uma mistura de moradores e turistas sentados em suas mesas, desfrutam de comida e cerveja: O Restaurante do Peixe. Banheiros unissex limpos e espaçosos para limpar todos os cantos do seu corpo. Com sabão e papel higiênico disponível para os clientes.









Depois que nosso corpo se sente fresco por dentro e limpo por fora, nós descobrimos a especialidade da casa: ½ Porcão de Peixe (11R $). É uma delicia!! O Peixe foi servido com mandioca cozida e um rico molho branco, tudo acompanhado de algumas cervejas bem geladas, essa é a especialidade popular, todo o povo bebe cerveja lá!


Ao lado do bar tinha uma barraca de caldo de cana, acompanhado de gelo se tornou a refrescante revitalização necessária entre o Peixe e o próximo destino: Puerto Iguazú.


  
 A experiência foi tão boa que voltamos dois dias depois. O Restaurante do Peixe também é altamente recomendado para antes do início de uma longa viagem, por isso decidimos repetir, um pouco antes de entrarmos no ônibus que nos levaria de volta para São Paulo, o seu peixe e cerveja nos deram doces sonhos.

Umas semanas depois daqueles dias, nos duvidamos se temos mais saudade do Restaurante do Peixo ou das Cataratas. Algum seguidor teve alguma experiencia similar onde um bar salvou sua vida?

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Dá pra ser mais explícito?


Prosseguimos com mais uma postagem de bares com nomes, digamos, diferentes.  No caso de hoje, podemos dizer diferentes e ousados. Dá pra ser mais explícito do que estes?





















Não sei se vocês viram nos comentários relacionados à postagem de bares internacionais, mas Roger conhecia o Bar Brod'uai, que fica em São Tomé das Letras. Roger não só conhece como já bebeu umas tantas lá. E dentre estes bares explícitos, você já teve o prazer de conhecer algum?