quinta-feira, 1 de março de 2012

Absurdo nacional, ou quem sabe multi?

Por Elaine Tavares
No blog Palavras Insurgentes - http://eteia.blogspot.com/





Meu amigo Moacir Loth me alertou para uma coisa muito cruel que está acontecendo na cidade, e pode ser que em todo o país, não sabemos ainda: “estão querendo acabar conosco”, reiterou. O fato é que nos bares mais tradicionais da cidade agora inventaram essa de só servir cerveja “long neck”, ou como dizem os compas de bar, a “longuineti”. Consultando outros amigos veio a indignação. Todo mundo se deu conta dessa barbárie. “Que porra é essa? Já não se encontra a boa e velha original, a cerveja grande, para ser compartilhada”.

E é isso mesmo, de mansinho, os bares – mesmos os mais chulés – estão sendo empurrados para a “longuineti”. Uma cerveja típica desses tempos de egoísmo e individualismo exacerbado, uma cerveja que se bebe sozinho. Também me flagrei que é um tipo bem comum nos Estados Unidos, pelo que se pode notar nos filmes de “roliudi”. Ora, de novo o colonialismo. Mas até na cerveja, cristo rei? Tá, é fácil explicar porque isso acontece, sem nem precisar colocar o jesusinho na parada. A cerveja pequena é mais cara, ou seja, é só um remanejamento do mercado para lucrar mais. Mas, em cima de nós, tradicionais degustadores? Inadmissível. Já temos de enfrentar o império das multinacionais que detêm quase todas as marcas, e agora até no tamanho? 

Pois eu e o Moacir decidimos iniciar um movimento pela cerveja grande, a boa, velha e tradicional cerveja de 600 ml. Uma cerveja que se abre gelada e gostosa, uma cerveja que se partilha em vários copos, uma cerveja que se presta à comunhão. Em Florianópolis, no mercado público apenas um Box ainda serve a cerveja grande. Em outros bares e pizzarias tradicionais e de circulação bem popular acontece o mesmo, só a pequenina, que de longa só tem o pescoço. 

Sinceramente eu não sou contra quem gosta da “longuineti”, mas é preciso que se deixe a escolha. Afinal, isso não é uma democracia? Caso fosse em Cuba que estivesse sendo implementada a ditadura da cerveja pequena já haveria grandes mobilizações em Miami. Mas como é no “mundo livre”, nada acontece. Vamos acompanhar esse caso, de interesse nacional, e se não houver uma mudança haveremos de ressuscitar o blumenauense Horácio Braun e todos os demais velhos compas cervejeiros para iniciar uma ofensiva radical. 

Só falta a Polar gaúcha, velha resistente, original e local, lançar a pescoçuda. Aí vai ser a guerra. 



3 comentários:

  1. Caros e caras brasileiras bemvindas a sociedade do norte, a sociedade individualista!! Lá na europa tudo o pessoal bebe longneck (ou jarras ou tercios ou botijos ou botellines...)..garrafas só na sua casa... Vocês não pensaram nas primeiras cosas afetadas por Brasil quer ser parte do mundo "desenvolvido"? Futebol e Cerveja. Acabó o jogo bonito, a Seleção é similar a Italia, e acabó compartilhar cerveja!!! Revolução contra a longuineti!!

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    1. Emílio, quero ficar longe da sociedade das longuineti. Aqui em São Paulo a gente gosta mesmo é de ir em lugar que tem litrão. Litrão, sim, é muito mais nóissssss!

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    2. A sociedade do litrão (litrona) é a sociedade dos bebedores de rua na Espanha. Eu também adoro Le!!!

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Muito agradecida!