Na minha vida de bar sempre ficou uma
saudade… Saudades dos tempos em que meus amigos e eu sentávamos,
bebíamos, ríamos e fumávamos dentro do bar. Prazer demais da
conta! Depois chegava em casa com a roupa fedendo fumaça. Mas
dane-se! Lavou tá nova. Fazia tempo que eu não fazia isso,
mas tive a felicidade de, em abril, por ocasião de uma viagem a
Tunísia, reviver este momento. Eu que fui pra lá me cagando de medo
de não poder beber em lugar nenhum, por causa da religião, tive que
dar a mão à palmatória de que a minha experiência em bares lá
foi muito boa!
Viramos habitués do L'Avenue! |
L'Avenue é o nome do bar que
primeiramente me deu este prazer. Joba e Adriana chegaram a Tunis um
dia antes que eu. Ótimo, pois já foram procurar um bar para quando
eu chegasse e ver como é que era o esquema de mulher beber no país.
Eles chegaram antes e exploraram as possibilidades! |
Em Tunis só se bebe bebidas
alcoólicas em locais fechados. E pode-se fumar em qualquer lugar,
inclusive em locais fechados. Pode-se ver por lá muitos bares onde
só frequentam homens. Ambiente estranho e um tanto intimidador só
de olhar de fora. Mas os locais onde íamos tinham autorização para
funcionar como bares ou restaurantes turísticos, e ali juntavam-se
homens e mulheres que gostam de beber, homens e mulheres que gostam
de fumar, e homens e mulheres que nem gostam de fumar, mas gostam de
se divertir.
E íamos chamando mais gente. |
Chamávamos o L'Avenue de “bar
cubano”, simplesmente porque no mezanino do bar o que se vê são
quadros com a temática do país. E de fundo uma música que
denominei de “techno Cuba”, pois misturava techno com música
latina. O mezanino é o local onde se acumula a fumaça de todo o
bar.
O fumacê vai de lá de baixo pro mezanino |
Na primeira vez que fui ali, peguei a cerveja, tomei um gole de
Celtia (a cerveja local, muito boa), acendi e dei uma tragada no
cigarro. Soltei aquele fumacê com tanto prazer que foi como se eu
estivesse voltando aos bons e velhos tempos! Ô delícia!
só felicidade! |
Quando chega a meia-noite, o dono do
estabelecimento, lá embaixo, começa a dar piti. Ele fala e
esbraveja em todas as mesas, em árabe. Depois sobe pro mezanino. Na
primeira vez ficamos um pouco surpresos. Daí o rapaz que nos atendia
disse que ele apenas tava dizendo para as pessoas fecharem a conta
porque o bar fecha às 1h. Então todos vão pedindo mais cerveja pra
outras rodadas, porque o bar pára de servir logo depois que o dono
do L'Avenue esbraveja. E todo dia tem esta santa encenação! É algo
curioso a forma como os árabes se comunicam, como diz o amigo
Hassen, cheios de paixão.
Então pedíamos mais umas rodadas de
Celtia, eu acendia mais um cigarro e fumava até o último trago, e
ia feliz da vida pro hotel, fedendo fumaça. Boas lembranças dos
bares da Tunísia...
Massa!!! Onde há fumaça, há fogo!!!
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