terça-feira, 2 de junho de 2015

Um pé nos velhos tempos


Na minha vida de bar sempre ficou uma saudade… Saudades dos tempos em que meus amigos e eu sentávamos, bebíamos, ríamos e fumávamos dentro do bar. Prazer demais da conta! Depois chegava em casa com a roupa fedendo fumaça. Mas dane-se! Lavou tá nova. Fazia tempo que eu não fazia isso, mas tive a felicidade de, em abril, por ocasião de uma viagem a Tunísia, reviver este momento. Eu que fui pra lá me cagando de medo de não poder beber em lugar nenhum, por causa da religião, tive que dar a mão à palmatória de que a minha experiência em bares lá foi muito boa!

Viramos habitués do L'Avenue!
 
L'Avenue é o nome do bar que primeiramente me deu este prazer. Joba e Adriana chegaram a Tunis um dia antes que eu. Ótimo, pois já foram procurar um bar para quando eu chegasse e ver como é que era o esquema de mulher beber no país.

Eles chegaram antes e exploraram as possibilidades!

Em Tunis só se bebe bebidas alcoólicas em locais fechados. E pode-se fumar em qualquer lugar, inclusive em locais fechados. Pode-se ver por lá muitos bares onde só frequentam homens. Ambiente estranho e um tanto intimidador só de olhar de fora. Mas os locais onde íamos tinham autorização para funcionar como bares ou restaurantes turísticos, e ali juntavam-se homens e mulheres que gostam de beber, homens e mulheres que gostam de fumar, e homens e mulheres que nem gostam de fumar, mas gostam de se divertir.

E íamos chamando mais gente.
 
Chamávamos o L'Avenue de “bar cubano”, simplesmente porque no mezanino do bar o que se vê são quadros com a temática do país. E de fundo uma música que denominei de “techno Cuba”, pois misturava techno com música latina. O mezanino é o local onde se acumula a fumaça de todo o bar. 

O fumacê vai de lá de baixo pro mezanino
 
Na primeira vez que fui ali, peguei a cerveja, tomei um gole de Celtia (a cerveja local, muito boa), acendi e dei uma tragada no cigarro. Soltei aquele fumacê com tanto prazer que foi como se eu estivesse voltando aos bons e velhos tempos! Ô delícia!

só felicidade!

Quando chega a meia-noite, o dono do estabelecimento, lá embaixo, começa a dar piti. Ele fala e esbraveja em todas as mesas, em árabe. Depois sobe pro mezanino. Na primeira vez ficamos um pouco surpresos. Daí o rapaz que nos atendia disse que ele apenas tava dizendo para as pessoas fecharem a conta porque o bar fecha às 1h. Então todos vão pedindo mais cerveja pra outras rodadas, porque o bar pára de servir logo depois que o dono do L'Avenue esbraveja. E todo dia tem esta santa encenação! É algo curioso a forma como os árabes se comunicam, como diz o amigo Hassen, cheios de paixão. 
 
Então pedíamos mais umas rodadas de Celtia, eu acendia mais um cigarro e fumava até o último trago, e ia feliz da vida pro hotel, fedendo fumaça. Boas lembranças dos bares da Tunísia...


Um comentário:

Muito agradecida!