Por Xico Sá
O que é isso,
cachaceiro? indagaria o Gabeira. É, camarada, sobrou para a marvada
pinga.
O mé, nobre Mussum,
caro Antonio Carlis, agora está na mira dos mesmos senhores metidos
que fizeram da comida um fetiche e do vinho do velho Baco uma
religião de chatos.
É, o homem-bouquet
é a pior raça. Cheira a rolha, sente o amadeirado, discursa para a
mesa como um sábio...
É, meu chapa
Toulouse-Lautrec, cabarezeiro-mor, ninguém toma mais calado o seu
humilde e baratinho Malbec.
“Cala a boca e
bebe, porra”, mandou na lata, noite dessas, o Paulo César Peréio,
um dedão em riste e o outro girando a pedra de gelo do uísque.
A taberna veio
abaixo. Até o homem-bouquet riu e deu razão ao nosso amigo ator,
macho e gaúcho de Alegrete, relaxando o clima tenso daquela
nossa távola redonda.
Te cuida,
marvada, agora querem te pegar para sangue de Cristo.
Tem um bocado de
mala por ai tentando descobrir os teus aromas, teus boquets, teus
cheiros guardados em barris de estragos.
Ah, salineiros
corazones, que raça!
Bom que apareceu ai
o compay Fábio Seixas, ontem no caderno “Comida”, na versão
impressa desta Folha, com toda a dialética do esclarecimento
cachacístico.
Seixas, colega aqui
de blogosfera, foi la no Rio de Janeiro e ouviu um cabra do ramo, que
teria tudo para ser metido e perpetuar o truque do degustador
picareta, o tal do cachacier etc.
Qual o quê!
“Cachaça não tem
buquê. Cachaça só tem um cheiro. De cana!”, disse o mestre
Marcelo Câmara, juramentado cachaçólogo .
Parecia mais meu pai
Francisco Nildemar, Sítio das Cobras, Santana do Cariri, sopé da
Chapada do Araripe, divisa entre o Ceará e Pernambuco, falando.
Ufa, ainda bem,
achava que tinha perdido o sentido do cheiro de vez, pois tenho
amigos frescos farejando uns aromas na marvada que não convêm.
Levanta-te e anda,
Lázaro. O único bouquet, buquê, de um homem de responsa, é o
cheiro da sarjeta. Diante dela, ele age, sem cheirar a rolha.
Faz favor, Brasil,
não enquadre a marvada pinga.
Lembre daquele
correspondente do New York Times, que diante da primeira queda do
Lula, demonizou logo a cachaça?
Ah, escorracem o
homem, não a danada.
O mal é o que sai
da boca, meu velho, não o que entra.
Publicado em http://xicosa.folha.blog.uol.com.br/arch2011-06-05_2011-06-11.html
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Muito agradecida!